Meus Guardados letra

Nos meus guardados
recolho um tempo
(que o próprio tempo
não lembra mais)
e o jeito antigo
que o avô charrua
bebeu da lua
pra me batizar.

Guardo o amargo
que amarga a fronte
do velho horizonte
que o sol desbotou,
e um olho d'agua
chora a saudade
da antiguidade
que o Rio Grande herdou.

Nos meus guardados
afago um pago
que anda vago
pelo corredor,
de uma gente
que atropela os dias
em horas vazias
de arado e flor.

Dos meus guardados
eu trago as penas
da manhã serena
que lambe o capim,
e a alma viúva
de rondar esperas
de uma tapera
que ruiu em mim.

Dos meus guardados
apartei um tanto
do tino de campo
que a razão me deu,
pra tombar semente
num fundo de estância
quando eu for distância
e enraizar de vez.

Roberto Luçardo - Letras

• A Tapera do João Posteiro (part. Rui Carlos Ávila)
• Amargos Teus
• Borralhos do tempo
• Canção Morena
• Canto Aos Filhos Dos Pajonais
• Coplas No Más
• De Cacho Atado
• De Fletes e Estrelas
• Décimas de Andar Caminhos
• Estrada Longa
• Estradas e Desencontros
• Eu Trago
• Feito Alpargata
• Foi Bem Depois do Pealo
• Meus Guardados
• Numa Noite Destas
• Pausa Na Marcha
• Perdoa coração
• Perfil de Noite e Estância
• Se Marx Fosse Peão